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04-01-2003
Eanes quis vigiar instituição
CADI FERNANDES
Ramalho Eanes ter-se-á prontificado a enviar «dois militares para vigiar a Casa Pia» quando soube das denúncias de alegados casos de pedofilia na instituição.
A revelação é do advogado e ex-aluno Adelino Granjo, que relembra o facto de, nas cerimónias do bicentenário da Casa Pia, realizadas a 5 de Julho de 1980, os alunos terem demonstrado a sua indignação perante a readmissão de «Bibi» e com isso sensibilizado o então Presidente da República.
Granjo explica que era porta-voz de uma comissão auto-intitulada «A Revolução dos Gansos», eleita numa reunião de alunos. Esse grupo representava, nas palavras do advogado, «um grande número de alunos descontentes», mas sobretudo um grupo de 63 jovens que tinham sido informados que, a 30 de Julho dessa ano, «seriam corridos da Casa Pia» por terem atingido a maioridade.
No dia 3 de Julho, Teresa Costa Macedo esteve presente num almoço realizado no Colégio de Pina Manique, ocasião aproveitada por este grupo de alunos para solicitar uma conversa com a então secretária de Estado. Costa Macedo recusou.
A comissão terá então contactado alguns ex-alunos, entre os quais o então presidente do Casa Pia Atlético Clube, que fazia parte da Comissão Nacional de Apoio à Recandidatura de Eanes à Presidência. Terá sido este ex-aluno a interceder junto de Eanes para que recebesse os alunos, no dia 5 de Julho.
O general disse que lhes concedia dez minutos de audiência durante as comemorações do bicentenário. Em vez dos dez minutos prometidos, o encontro prolongou-se por hora e meia.
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