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08-01-2003
Alunos mais novos eram escravos dos «batatas»
C. F.
Os abusos sexuais eram «apenas» mais um dos tormentos enfrentados pelos alunos da Casa Pia. Como relatou ao DN o advogado Adelino Granja, antigo aluno da instituição, os alunos mais novos eram os mais brutalizados, tanto por educadores como pelos colegas mais velhos.
Muitos órfãos não cresceram com afecto. Pelo contrário. A despeito disso, «as educadoras cravavam-nos as unhas na testa até sangrarmos, outros obrigavam-nos a estarmos horas com as mãos entre o chão de pedra e os joelhos; batiam-nos com urtigas no pénis se fizéssemos chichi na cama, obrigavam-nos a ficarmos toda a noite acordados».
Num verdadeiro ciclo vicioso, crescendo, os agredidos tornavam-se agressores. Por isso, os alunos mais velhos «obrigavam-nos a raspar, com um pedaço de vidro, o chão dos quartos e depois a encerá-los, tínhamos de medir um campo de futebol com um pau de fósforo e se lhes apetecesse fazíamo-lo várias vezes; diziam-nos para lutarmos com os nossos melhores amigos, até haver sangue, para se encontrar um vencedor».
Só quem tivesse um «batata», um aluno mais velho que os «protegesse», é que era mais poupado. Mas tinham de dar algo em troca: trabalho ou sexo. «Nós, os mais novos, éramos os escravos deles.»
N.W.:- Simplesmente... incrível!!! Nunca me passou alguma vez pela cabeça que isto seria possível entre gente dita "civilizada"... Já não falo dos miúdos. Falo das "educadoras"...
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