|
09-01-2003
Pedro Strecht revela que 20 crianças da Casa Pia sofreram abusos sexuais
Foto: Direitos Reservados
Pelo menos 20 menores alunos nos colégios da Casa Pia de Lisboa foram alegadamente abusados sexualmente pelo ex-funcionário da instituição Carlos Silvino ("Bibi") e por outros elementos de uma alegada rede de pedofilia em que terá colaborado, adiantou hoje Pedro Strecht, pedopsiquiatra e um dos elementos do Gabinete de Coordenação do Apoio Psicológico para a Intervenção em Crise, criado a 27 de Novembro de 2002.
A estrutura começou por fazer um levantamento dos acontecimentos na instituição e percorrer todos os colégios da mesma, "conversar com os responsáveis e funcionários e tentar tranquilizar os jovens", disse Pedro Strecht.
Para o apoio aos alunos da Casa Pia - e eventualmente ex-alunos vítimas de abusos sexuais enquanto estiveram na instituição - foi ainda alargado o serviço telefónico da Associação Portuguesa de Apoio à Vítima (APAV).
Numa primeira fase, este Gabinete de Crise identificou cinco casos de alunos que foram vítimas de abusos sexuais por parte do "Bibi", todos residentes em colégios diferentes e com um perfil identificado: tinham entre 12 e 14 anos quando sofreram os abusos.
Foram ainda referenciados dois ex-alunos que disseram também terem sido violados, sem que, contudo, quisessem apresentar qualquer queixa ou avançar nas denúncias.
À APAV chegaram nove telefonemas da autoria de alunos e ex-alunos que se queixaram de abusos sexuais, pretendendo com a chamada "desabafar".
Além destes cinco casos, adiantou Pedro Strecht, os elementos do Gabinete de Crise identificaram vários miúdos que, sem coragem para denunciar os abusos que sofreram, foram sendo apontados por colegas como vítimas, quer do "Bibi", quer dos elementos da alegada rede de pedofilia.
Mês e meio depois de iniciar funções, o gabinete identificou já sete crianças vítimas de abusos do "Bibi" e outras 13 que sofreram abusos deste ex-funcionário da Casa Pia - detido desde 25 de Novembro - e de elementos da alegada rede de pedofilia que contava com o seu apoio na "angariação" de menores.
|