15-01-2003 - 00:00

JULGAMENTO À PORTA FECHADA

Manuel Dória Vilar, o novo advogado de ‘Bibi’, garante que não foi contactado por Isabel Raposo, a holandesa que pagava ao seu antecessor

José Barradas
Correio da Manhã – Tem dúvidas sobre os actos de pedofilia que Carlos Silvino terá cometido?

Manuel Dória Vilar – Na opinião pública, ele é um homem condenado. De resto, não posso tecer juízos de valor.

– A sua estratégia poderá vir a passar só por tentar atenuar a pena de Carlos Silvino?

– Não sei responder a isso.

– Quais vão ser os seus primeiros passos?

– O primeiro foi saber das condições do detido. E apurei que estava bem. Não creio que seja necessário ele ter ajuda de um psiquiatra.

– O seu antecessor [Hugo Marçal] defendeu o contrário...

– Não comento as opiniões do meu colega.

– Já tem uma ideia em relação ao julgamento? Acha que deve ser com júri?

– Não tenho nenhuma opinião sobre a questão do júri. Mas não escondo que um julgamento com júri seria mais complicado para o meu cliente. Além disso, e como estamos num processo que ofende a moral pública, vou requerer que o julgamento de Carlos Silvino seja à porta fechada.

– Conhece Isabel Raposo, irmã de Carlos Silvino?

– Não.

– Foi Isabel Raposo que o contactou para defender o irmão?

- Não.

– Foi contratado por quem?

– Não vou responder.

– Quem é que o contactou?

– Não vou responder.

– É Isabel Raposo que lhe está a pagar, como sucedeu com o seu antecessor?

– Não.

– Já lhe pagaram alguma verba?

– Não.

– Não estranha que Isabel Raposo estivesse a pagar ao seu antecessor e não faça o mesmo consigo?

– Quem me paga é irrelevante.

PERFIL

Manuel Dória Vilar é especialista em Direito do Trabalho e Doenças Profissionais e exerceu funções no departamento de relações internacionais da Segurança Social, entre 1977 e 91. Nasceu em Castro Daire há 47 anos e exerce a profissão de advogado desde 1983, ano em que concluiu o curso na Faculdade de Direito de Lisboa e define-se como uma pessoa que gosta de levar até ao fim tudo o que faz.

Octávio Lopes

N.W.:- Só o que a peça acima não diz é que este advogado é réu num processo de mega fraude que se encontra em curso. Agora pergunto eu: como pode um advogado encontrar-se na sirtuação de réu em julgamento, ser advogado de uma outra pessoa? Será que este País onde me encontro é mesmo Portugal? Já tenho as minhas dúvidas e se calhar até já morri e estou a escrever do Céu ou do Inferno, sei lá...


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