21-01-2003

Apelo de Catalina Pestana

PEDRO JOSÉ *

Após ter lido esta notícia, posso dizer que concordo plenamente com a opinião da nova provedora da Casa Pia de Lisboa.

Considero que a posição da provedora é correcta, uma vez que afirma que a comunicação social teve um papel bastante importante na divulgação do escândalo de pedofilia na Casa Pia.

No entanto, e uma vez que se trata de uma situação muito delicada que envolve crianças, também concordo que deve haver maior moderação dos jornalistas na divulgação de notícias, entrevistas (com as alegadas vítimas de pedofilia), e, especialmente, de imagens (no caso da televisão) em horários com bastante audiência.

Apesar de não nos podermos orgulhar disso, temos que ter a noção de que vivemos, neste momento, num país que revela uma grande tendência para a exploração da vida, especialmente a intimidade alheia.

Tal como afirma a provedora, e com a qual eu concordo, esse voyeurismo não pode nem deve continuar a ser utilizado por alguns membros da comunicação social e muito menos pelos pais das alegadas vítimas de pedofilia que expõem, deste mo-do, crianças de poderão sofrer danos psicológicos irreversíveis.

A divulgação dos escândalos de pedofilia na Casa Pia originou um maior interesse pelo assunto e lançou, para a praça pública, a discussão sobre o mesmo.

Pessoalmente, concordo com a provedora, quando este considera que a pedofilia é não só um crime monstruoso, mas também uma doença que causa danos psicológicos quase irreversíveis nas suas vítimas.

Para concluir, considero que o trabalho dos jornalistas foi muito importante na divulgação de factos que permaneciam escondidos há mais de duas décadas. No entanto, penso que, daqui por diante, os membros da comunicação devem ser mais comedidos no tipo de notícias e imagens que fazem questão de transmitir em horários chamados «nobres».

Isto porque a divulgação de determinados tipos de imagens e de notícias é chocante e pode ferir as pessoas mais sensíveis, especialmente crianças.

* Pedro Miguel Santos José é aluno do 10. º C do Externato Cooperativo da Benedita e contou com a colaboração da professora Inês Silva