24-01-2003 - 00:00

'CASA PIA AINDA NÃO ESTÁ LIMPA'

“A Casa Pia ainda não está limpa. A Polícia Juciária conhece os elementos sobre as suspeitas que tenho, mas pediu-me para não os divulgar”, disse ontem, ao CM, Amaral Macedo, professor da Casa Pia e uma das pessoas que mais se insurgiu contra a permanência na instituição de Manuel Abrantes, o ex-provedor adjunto e assessor principal que Catalina Pestana suspendeu preventivamente na passada terça-feira, por alegado abuso sexual de menores.

Direitos Reservados
Amaral Macedo: “Os braços
direitos do antigo provedor
ainda cá estão”

“Ainda cá estão os braços-direitos do anterior provedor, que são agora chefes de serviço. Penso, no entanto, que, na altura, foram subjugados, dado que se limitavam a cumprir ordens.

Contudo, eles sabem muito sobre o que se passou e essa foi uma das coisas que disse nas declarações que prestei à Polícia Judiciária”, frisou, observando que o Governo cometeu um “erro político”, ao permitir que Abrantes continuasse na instituição, após a destituição de Luís Rebelo, o anterior provedor.

“Teve manobra total durante um mês e tal. Se tentou apagar alguns vestígios? Penso que sim, embora não tenha a certeza.”

Em relação à suspensão de Manuel Abrantes, Amaral Macedo adianta ter ficado surpreendido com algumas das acusações que foram imputadas ao ex-provedor adjunto: “Não esperava que fosse relacionado [em alegados actos de pedofilia] com os miúdos.

Sempre pensei que a sua suspensão tivesse mais a ver com a cobertura que proporcionou ao outro [Carlos Silvino, ‘Bibi’]. De qualquer maneira, neste momento, estou muito mais tranquilo.

Eu, os alunos e os funcionários respirámos de alívio. É que se ele [Manuel Abrantes] acabasse por ser nomeado provedor tenho a certeza absoluta que haveria muito mais terror na Casa Pia.”

ABRANTES FEZ QUEIXA-CRIME

O agora professor de mecânica refere também que foi “chamado” por Catalina Pestana, antes de esta ter suspendido preventivamente o assessor principal: “Na conversa que tive com a Provedora até fiquei a saber que Manuel Abrantes apresentou uma queixa-crime contra mim, por difamação.”

Amaral Macedo lembra, ainda, que a primeira queixa (1997) que apresentou contra Carlos Silvino custou-lhe o cargo de director pelo curso de mecânica. “Mantive-me como responsável da produção/manutenção.

Só que, em 2001, voltei a queixar-me do que ele fazia - agrediu dois motoristas da instituição e roubou gasolina dos carros de ensino.

Comuniquei isto tudo à Provedoria. E tal como sucedeu da outra vez, Manuel Abrantes tomou medidas: afastou-me da gestão da frota e da direcção da produção. Agora sou apenas professor e estou bem assim”.

“Nenhuma das queixas que fiz surtiu qualquer efeito, dado que ele punha e dispunha na Casa Pia. Eu é que acabei por ser fortemente prejudicado com as minhas atitudes”, concluiu Amaral Macedo.

Octávio Lopes

N.W.:- Realmente deve haver ainda muita merda nessa Instituição. Merda moral, merda pessoal, merda profissional... Espero que essa merda toda seja corrida daí para fora o mais rápido possível e não daqui a mais 10 ou 20 anos...


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