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29-01-2003
Ordem processa médico por pedofilia
ANA MAFALDA INÁCIO MARIA JOSÉ MARGARIDO
Foto: DN-Rodrigo Cabrita
A Ordem dos Médicos já instaurou um processo disciplinar ao médico Joaquim Martins, do Centro de Saúde de São João, em Lisboa, para apurar as suas ligações a práticas de pedofilia com alunos da Casa Pia.
A confirmar-se a matéria de acusação, que consta do despacho da Inspecção-Geral da Saúde (IGS) e que levou à sua suspensão preventiva, «a pena será pesada», afirmou ao DN o bastonário, Germano de Sousa.
Segundo apurou o DN, o clínico, que também está a ser investigado pelo Departamento de Investigação e Acção Penal (DIAP), admitiu mesmo à IGS ter mantido práticas sexuais com menores.
O nome de Joaquim Fernandes foi referido por um aluno da Casa Pia numa queixa apresentada ao DIAP e à inspecção de saúde, onde este denunciava ter sido molestado sexualmente pelo clínico durante várias consultas.
Este médico incorre numa pena que pode ir até à expulsão e proibição do exercício de medicina. Para o DIAP seguiram também os despachos referentes ao pediatra, João Dias de Deus, do Centro de Saúde do Lumiar, também suspeito de práticas pedófilas com alunos da Casa Pia, e de um enfermeiro do Hospital de Lamego.
Quanto ao primeiro, a Ordem já elaborou um despacho de acusação em que propõe a sua expulsão da organização. Por resolver estão os processos de mais dois médicos também suspeitos de envolvimento no caso Casa Pia - um do Hospital Júlio de Matos e outro do Centro de Saúde da Graça.
No Centro de Saúde de São João, em Lisboa, ninguém fala sobre o médico suspenso. Joaquim Martins ainda deu as habituais consultas de clínica geral na segunda de manhã, antes de confessar à Inspecção-Geral da Saúde o abuso de menores no seu gabinete de consultas. O andar onde este se situa estava ontem fechado a sete chaves e o silêncio tinha tomado conta dos corredores.
«Não era meu médico, felizmente. Tenho pena de não conhecer a cara dele». Os comentários de quem aguardava consulta na sala de espera seguiam o argumento esperado.
Quase se adivinhavam as frases da revolta silenciosa dos utentes. «Não sabemos se podemos confiar em quem trata os nossos filhos. Mas que escolha temos? Não há dinheiro para médicos particulares, e esses, no fundo, são os mesmos...».
Os doentes confiados a este médico serão agora divididos pelos restantes efectivos do centro de saúde.
«Só vi o sr.º doutor sair à noite, nem consegui falar com ele, mas isto parece um sonho mau. Tão simpático, tão trabalhador, não pode ser verdade».
As palavras de uma das funcionárias tenta recuperar a normalidade abalada, a mesma que ainda está afixada no placardque formaliza a a transferência de vários utentes para o Dr. Joaquim Martins. Entretanto suspenso por suspeitas de pedofilia.
N.W.:- Sinceramente que nunca consegui entender a justiça deste País, mesmo que tenha feito algum esforço nesse sentido... Então o panasca do Bibi está preso e estes panascas ficam à solta porquê? O primeiro era "pessoal menor" da Casa Pia e este é médico? E depois dizem que não existe protecção a esta cáfila de bandalhos...
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