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03-02-2003 - 00:00
MARTA CRUZ: DEI-LHE O MEU CORAÇÃO
Carlos Cruz voltou ontem a receber, no Estabelecimento Prisional, junto da Polícia Judiciária, a visita da filha mais velha, Marta, e da mulher, Raquel, que chegaram à Rua Gomes Freire pouco antes das 14 horas. A visita ao detido demorou cerca de 45 minutos.
À entrada, Marta era uma jovem visivelmente emocionada.
Raquel e Marta estiveram ontem no Estabelecimento Pri- sional junto da PJ
“Não sei o que hei-de esperar. Não sei o que lhe posso fazer”, disse, referindo-se ao pai e acrescentou levar-lhe um presente especial: uma almofada vermelha em forma de coração, que tinha no seu quarto. “Trago-lhe o meu coração. Para ele não se esquecer que vou estar sempre ao lado dele”.
A mulher de Carlos Cruz, Raquel, por sua vez, disse que tinham a informação de que o marido tinha comido bem e dormido bem. “Ele diz que tomou um banho óptimo”, precisou Raquel Cruz. O detido pediu aos familiares para lhe levarem lenços, cabides e um relógio.
A saída dos familiares do apresentador de televisão motivou a reacção de vários populares, dividindo-se as opiniões. Num clima já de grande emotividade, uma observação de uma mulher contra Carlos Cruz, quando Marta entrava no carro, desencadeou uma reacção muito violenta do acompanhante, que chegou a sair da viatura.
“Guarda isso, Chico!”, gritou um familiar da jovem, que correu ao encontro do exaltado rapaz. A intervenção deste homem, e a de um agente da PSP, acabou por serenar os ânimos, tendo o jovem abandonado o local.
REVOLTA E PREOCUPAÇÃO
"Estou revoltada com tudo o que está acontecer. É um absurdo total! Estão a cometer uma grande injustiça. O Carlos é inocente!”, diz Marluce, a ex-mulher de Carlos Cruz. À revolta junta-se a preocupação.
E quase num sussurro Marluce confidenciou ao CM: “O Carlos tem 60 anos e já fez várias operações, tenho medo que o coração dele não resista”. Marluce diz ainda que Marta, fruto do seu casamento com Carlos, “está mais revoltada a cada dia que passa”.
A mais de dois mil quilómetros de distância, Roberta Carreira (está em Itália), filha adoptiva de Carlos e Marluce, segue a par e passo o que está acontecer. “Estou muito triste e preocupada.
É uma injustiça o que lhe estão a fazer. O Carlos é um pai para mim. Gostaria de o visitar para lhe dizer: ‘Estou contigo até o fim’”. E Roberta promete: “Vou fazer tudo o que puder para o ajudar”.
Roberta tem agora 28 anos e foi adoptada aos nove.
VALE E AZEVEDO E APRESENTADOR TROCARAM ALGUMAS IMPRESSÕES
Vale e Azevedo foi o único recluso que, até ontem, falou com Carlos Cruz. Detidos no 2.º piso, o ex-presidente do Benfica encontrou um homem “muito abatido, como se tivesse envelhecido 20 anos”, soube o CM.
O conhecido comunicador “não pregou olho” durante a primeira noite que passou no Estabelecimento Prisional, junto da Polícia Judiciária, onde está a cumprir a prisão preventiva que foi decretada pelo juiz de Instrução Criminal.
No sábado, ao início da tarde, Carlos Cruz teve direito à sua primeira visita e, ontem, recebeu uma televisão e um rádio, para além de vários livros e CD, tudo devidamente autorizado e inspeccionado pelos serviços de segurança do Estabelecimento Prisional.
Pela manhã, os serviços de vigilância abriram a porta da cela de Carlos Cruz e depararam com um homem agastado por tudo o que lhe está a acontecer. Carlos Cruz recusou o pequeno-almoço (café, leite, uma sandes de fiambre e um iogurte).
Durante a manhã não saiu da cela, aliás como na maior parte do dia. O almoço (carne com esparguete), também não foi digerido pelo “sr. televisão”, optando por comer apenas algumas peças de fruta que a família lhe fez chegar. À tarde, Carlos Cruz, sempre com um ar abatido, passeou pelo corredor, onde chegou à fala com Vale e Azevedo.
O CM sabe que ambos trocaram impressões sobre o mediático caso que envolve o comunicador. Também a cadeia foi tema de conversa. Vale e Azevedo tentou confortar Carlos cruz, mas o CM sabe que não foi fácil. À noite, o comunicador recolheu à cela e, apesar de lhe ter sido entregue o jantar (prato de peixe e canja), Carlos Cruz apenas comeu a sopa.
QUEM CONSTITUI A TASK FORCE
O Ministério Público está empenhado em levar até ao fim aquele que é já considerado de “escândalo nacional” e que se prende com as práticas de pedofilia na Casa Pia de Lisboa.
Para tal, o Ministério Público destacou um procurador, duas procuradoras adjuntas e dois funcionários, para trabalharem em exclusivo no caso de abusos sexuais daquela instituição pública de solidariedade social. Contudo, a constituição desta “Task Force” não é inédita.
Este modelo, foi utilizado aquando do “caso” da ponte de Entre-os-Rios, liderada pelo procurador Manuel Pinto Hespanhol, com resultados que a Procuradoria-Geral da República, classificou de excelentes.
A nova “Task Force”, nasceu no dia 28 de Novembro (dia em que o procurador-geral da República foi à RTP 2). Souto Moura, teve nessa mesma tarde, uma reunião onde foram estudadas as acções a tomar, assim como a constituição da “Task Force”.
Sob a liderança do procurador João Guerra, a equipa destinada à coordenação de toda a investigação de crimes sexuais com menores na Casa Pia conta, para além das duas procuradoras-adjuntas e dos dois funcionários, com o apoio de mais cinco inspectores da 2.ª Sessão da Directoria da Polícia Judiciária de Lisboa, chefiada pela coordenadora de investigação criminal, drª. Rosa Mota. São estes inspectores que têm executado os mandados de detenção emanados do magistrado líder da equipa.
SÁ FERNANDES PEGA NA DEFESA DE CRUZ
Como o CM avançou na edição de ontem, o advogado Ricardo Sá Fernandes foi convidado por António Serra Lopes para assumir a defesa de Carlos Cruz.
O primeiro passo de Sá Fernandes será a apresentação de um recurso da decisão do juiz que ditou a prisão preventiva de Carlos Cruz.
Na tarde de ontem, os dois advogados pretenderam conversar com o seu cliente, mas tal não foi possível pois os advogados não podem entrar na zona prisional da Polícia Judiciária ao domingo, salvo se o cliente que representam tiver sido preso na véspera.
António Serra Lopes assumiu a defesa de Carlos Cruz neste caso devido ao inesperado da detenção, tendo, logo de seguida, convidado Sá Fernandes para esta função.
Curiosa é a situação por que passou Sá Fernandes enquanto especialista em Direito Penal e Direito de Liberdade de Imprensa.
O CM sabe que nos últimos dias este advogado funcionou como consultor da TVI na sensível decisão de colocar em antena os depoimentos que envolvem Carlos Cruz no escândalo da Casa Pia.
Ainda no passado sábado, foi na TVI que Ricardo Sá Fernandes recebeu o convite de António Serra Lopes, e foi José Eduardo Moniz quem conduziu o advogado ao escritório de Serra Lopes. Até ao fecho desta edição não conseguimos obter um comentário a esta situação vivida por Ricardo Sá Fernandes.
Falcão-Machado / R.C. / J.C. / P.J.S.
Comentários
Terça-feira, 4 Fevereiro
- João Costa
Percebe-se a angústia de um homem como Carlos Cruz. Se vier a provar-se que não está inocente, só a família e os verdadeiros amigos lhe poderão perdoar. Força, Marta, um pai é sempre um pai seja em que circunstâncias for. Raquel prova toda a tua força e amor. Tens de arranjar forças sobrenaturais para ultrapassar tudo isto. Se o conseguires fazer, provarás ser a melhor mulher do Mundo. Força para a família!
- victor
Gostaria tambem que a Justiça fosse a Madeira averiguar porque a Madeira e um centro de pedofilia e o sr. Joao jardim consegue abafar tudo la. justiça na Madeira tambem
Segunda-feira, 3 Fevereiro
- IAMMS
O mordomo não é sempre o culpado. Carlos Cruz estou ctg.
- LRMMF
Se o critério de acusação for idêntico ao do caso da Ponte de Entre-os-Rios, então penso que o único não pedófilo deste País são os 3 acusados...
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