03-02-2003

Vivenda no Algarve foi palco de orgias sexuais

Foto: DN-Miguel Veterano Jr.
Os menores da Casa Pia de Lisboa também terão sido abusados sexualmente no Algarve numa casa propriedade de um conhecido diplomata português, apurou o DN.

Essa vivenda localizar-se-á entre Faro e a Quinta do Lago e terá sido palco de verdadeiras orgias sexuais envolvendo igualmente diplomatas estrangeiros.

Recentemente, após o início do escândalo da Casa Pia, foi noticiada a alegada participação de um diplomata do Consulado da Alemanha em Faro, Werner Heinen, entretanto falecido, em actos sexuais com menores, sendo voz corrente na cidade que a zona envolvente do Hotel Eva, junto ao referido consulado, é muito frequentada por adultos à procura de menores do sexo masculino.

O alegado envolvimento de diplomatas nacionais e estrangeiros nesta rede de pedofilia terá mesmo levado em 1982 a um intenso movimento diplomático. depois de, naquele ano, terem sido encontrados menores da instituição na casa do embaixador Jorge Ritto.

Ao que apurámos, ter-se-á verificado a saída de vários diplomatas estrangeiros (embaixadores, ministros plenipotenciários e adidos), nomeadamente dos EUA, ex-RDA e Jugoslávia.

No próprio Ministério dos Negócios Estrangeiros existirão relatórios escritos na época por diplomatas portugueses, como, alegadamente, Ritto, aos seus superiores hierárquicos denunciando presumíveis «perseguições» de que estariam a ser alvo.

TESTEMUNHOS. As referências a Ritto são antigas e recentes. Em 1982, em relatório a que o DN teve acesso, os menores davam explicitamente conta do seu nome, dizendo que foram abordados pelo diplomata no Jardim de Belém e que iam a uma sua «casa de veraneio na Parede». O «tio», como era designado pelos «sobrinhos», dar-lhes-ia dinheiro a troco de favores sexuais.

Estes actos terão prescrito, mas já em 2002, num testemunho entregue ao Ministério Público, outro jovem diz que «Bibi» o levava a «casas de pessoas estranhas, ricas», algumas falando línguas estrangeiras, Terá sido levado a casa de Ritto, «um senhor de óculos», em 1996.