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03-02-2003
«Manobras de diversão serão cruciais para apurar a verdade»
Teresa Costa Macedo, antiga secretária de Estado da Família, decidiu, ontem, accionar um processo-crime por difamação contra o advogado Adelino Granja, ex-aluno da Casa Pia, que a acusou de ser «a principal responsável» pela pedofilia na instituição.
Porque decidiu processar o advogado Adelino Granja?
- As declarações que ele proferiu no Canal 1 da RTP, a despropósito, são profundamente atentórias da verdade. Acho indigno que tanto Adelino Granja como José Pedro Namora continuem a revelar uma doentia fixação na minha pessoa quando actuei quando devia. Não fui eu que abusei sexualmente das crianças. Tudo isto é inadmíssivel.
Pensa mesmo que é uma «fixação»?
- Tenho a certeza. É uma «fixação» que só poderá ter algo por detrás. Tudo isto é um caso de polícia, um caso de justiça e eles teimam em falar de mim. Lamento que pessoas que se dizem tão empenhadas na descoberta daqueles que cometeram estes actos pedófilos tão repugnantes continuem a falar constantemente de mim. Não compreendo, mas também lhes posso garantir uma coisa com toda a segurança: estas manobras de diversão também podem, de alguma forma, ser cruciais para o apuramento da verdade dos factos.
Mas tanto Adelino Granja como José Pedro Namora revelam-se muito seguros nas suas declarações públicas.
- Tão seguros ao ponto de, estranhamente, serem eles próprios que ouvem os jovens alegadamente abusados na Casa Pia, não é? Afinal, são eles que alegadamente estarão a «filtrar» os nomes indicados e que depois são indicados à PJ.
Há referências concretas a uma alegada perseguição pessoal sua contra o mestre Américo que denunciou «Bibi». Como comenta?
- Nunca fiz nenhuma perseguição pessoal ao mestre Américo, só o admoestei, como é público, porque ele não cumpriu as regras hierárquicas para fazer as suas denúncias.
O que pensa da detenção de Carlos Cruz, com base em testemunhos considerados credíveis pelo Ministério Público?
- Não comento a detenção.
E a actuação da Polícia Judiciária?
- Sobre isso já me pronuncio. Penso que a Polícia Judiciária tem actuado muito correctamente, tem desenvolvido todos os esforços para o apuramento da verdade, tem-se pautado por extremo rigor nas suas diligências e, sobretudo e fundamental neste processo, tem-se revelado absolutamente imune a pressões. Isto é assinalável.
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