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04-02-2003 - 03:28
SÁ FERNANDES RECUA
Ricardo Sá Fernandes desmentiu ontem ser advogado de defesa de Carlos Cruz. O desmentido surgiu um dia depois da imprensa ter associado o seu nome à defesa do conhecido apresentador e de ter estado, quer domingo quer ontem, ao lado de Serra Lopes, que assegura a defesa, na visita a Carlos Cruz na prisão.
Tiago Sousa Dias
Ricardo Sá Fernandes
A situação é delicada, já que Sá Fernandes, como consultor jurídico da TVI, teve acesso, analisou e aconselhou todas as reportagens com depoimentos de antigos alunos da Casa Pia, que a estação difundiu no sábado.
Contactada a TVI, o relações públicas, Monteiro Coelho, referiu que Sá Fernandes “afirma que não é o advogado de Carlos Cruz.
Como o próprio disse, colabora muitas vezes com o doutor Serra Lopes, trocam impressões, e de repente o seu nome começou a ser focado com sendo o defensor”. Sá Fernandes “é consultor jurídico da TVI. Não faz parte dos quadros, mas é consultor para dar apoio em certos casos”.
Alegando não ter conhecimento de que o advogado visionou cinco horas de imagens usadas na reportagem, confirmou que esse “trabalho faz parte do funcionamento” da estação.
O bastonário da Ordem dos Advogados, José Miguel Júdice, recusou-se a comentar o facto de o nome de Sá Fernandes ter sido incluído na defesa de Carlos Cruz. “Não fazia ideia de que Ricardo Sá Fernandes tinha visionado imagens, e não me vou pronunciar sobre isso”, disse ao CM.
O bastonário explicou depois que só um advogado poderá solicitar um esclarecimento ou parecer à Ordem sobre esse assunto. “Se um advogado tiver dúvidas, que até pode ser o próprio, pode solicitar esclarecimentos ou pareceres à Ordem.
Neste caso pode ser de carácter deontológico e será o conselho deontológico a esclarecer ou um caso de conflito de interesses e o parecer já será dado pelo conselho distrital de Lisboa”.
Júdice referiu que todos estes episódios relacionados com pedofilia na Casa Pia “estão cheios de ruídos” e que por isso faz questão de “manter a serenidade”.
Entretanto, vários familiares dos detidos acusam as televisões. A SIC emitiu ontem um comunicado da Direcção de Informação que refere: “A irmã do médico João Ferreira Diniz (...) acusou a SIC de ter divulgado testemunhos pagos para tentar incriminar o seu irmão”.
A estação refuta as“acusações: em momento algum deste processo a SIC ou a jornalista Felícia Cabrita pagaram a qualquer testemunha”.
Apesar da dor dos familiares, “não aceita” que “tentem destruir a reputação dos jornalistas e dos órgãos de comunicação social que mais contribuíram" para a investigação deste caso.
Isabel Faria / Catarina Guerreiro
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