04-02-2003

Clínica abriu ao público

Ordem admite expulsão de Ferreira Diniz, mas só depois de as autoridades provarem as acusações

A Ordem dos Médicos (OM) não vai avançar com qualquer sanção ao clínico João Ferreira Diniz, detido anteontem na sequência das investigações do caso de pedofilia na Casa Pia, "enquanto não forem apurados os factos", afirmou, ontem, o bastonário, Germano de Sousa.

Em declarações à Lusa, o bastonário adiantou que Ferreira Diniz e outro médico, cujo nome não divulgou, já estão a ser alvo de inquéritos preliminares por parte da OM para apurar o seu alegado envolvimento em todo esse processo.

"Enquanto está a decorrer o inquérito e não houver dados concretos, a Ordem não pode avançar com o tipo de sanção a aplicar", explicou Germano de Sousa, frisando ainda que o processo está em segredo de justiça.

Além disso, "é preciso ouvir e obter provas que estão a ser investigadas por outras entidades, nomeadamente pela Polícia Judiciária", acrescentou.

No entanto, avançou, "caso se comprove que algum clínico está envolvido em crimes de perversão sexual, eles terão de ser expulsos da Ordem".

Dívida de gratidão

Especializado em medicina interna, Ferreira Diniz já prestou serviço no Hospital S. Francisco Xavier, mas actualmente apenas exercia na sua clínica.

O actor Camacho Costa foi seu paciente e garantiu, ao JN, ter uma "dívida de gratidão" para com o médico. "Devo-lhe a vida, uns dias depois e já cá não estaria", contou acrescentando que as acusações feitas ao médico são extremamente complexas. "Não sabemos o que está por trás destas cortinas", disse.

A Clínica Dr. Ferreira Diniz, na Travessa das Galinheiras, em Belém, propriedade do médico detido preventivamente por suspeitas de abusos sexuais de menores, abriu, ontem, as suas portas ao público com toda a normalidade.

Durante a manhã, vários clínicos asseguraram a realização das habituais análises, tendo o estabelecimento encerrado na parte da tarde, para fim-de-semana.

No espaço, ficou apenas uma funcionária, que se recusou a comentar a prisão do seu patrão.

Também na residência do médico, localizada junto à clínica, o silêncio foi, ontem, de ouro: "Só falaremos depois de sermos autorizados a isso pelo advogado do dr. Ferreira Diniz," disse um familiar do médico

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