04-02-2003

Transferência de Dinheiro para Banco Brasileiro Acelerou Detenção de Carlos Cruz

Por JOSÉ BENTO AMARO

Uma soma não especificada, mas "bastante elevada", terá sido transferida, dois dias antes da detenção, para o Banco Itaú. O magistrado, que já tinha em sua posse depoimentos incriminatórios, considerou que a possibilidade de fuga era real e ordenou a prisão do apresentador de televisão

A detenção de Carlos Cruz, um dos suspeitos do caso de pedofilia que envolvem alunos da Casa Pia de Lisboa, foi determinada na tarde de sexta-feira depois de o magistrado do Ministério Público responsável pelo caso ter concluído que o apresentador televisivo se preparava para fugir.

Essa presunção foi feita quando se apurou que quase todo o dinheiro de Carlos Cruz fora transferido, dois dias antes, para uma conta de uma instituição bancária brasileira, o Banco Itaú.

Fontes conhecedoras do processo adiantaram que o dinheiro - numa quantia não especificada, mas que será "bastante elevada" - terá sido transferido dois dias antes da detenção.

A juntar à eventual transferência de capitais há ainda, como factores de peso para justificar a ordem de prisão preventiva, diversos testemunhos de jovens que terão sido alvo de abusos sexuais (e aqui, para além de Carlos Cruz aparecem ainda os nomes do médico Ferreira Diniz e do advogado Hugo Marçal, para além de um outro clínico com consultórios em Lisboa e no Algarve) e o teor de várias operações policiais, que incluem vigilâncias e escutas telefónicas.

É com base nas vigilâncias policiais que - conforme foi aceite pelo magistrado responsável pelo caso - se concluiu que Carlos Cruz, na noite de sexta-feira, depois de deixar a mulher em Albufeira, na casa dos sogros, teria o provável intuito de viajar para Espanha, onde então, supostamente, embarcaria para o Brasil.

Ontem, de acordo com fontes judiciais, havia a convicção de que as detenções relacionadas com a pedofilia com alunos da Casa Pia não deverão restringir-se às já confirmadas, tanto mais que foram inúmeras as diligências efectuadas em diversas zonas do país, nomeadamente no Porto e no Algarve.

Entre os muitos rumores escutados foi possível apurar, junto de fonte policial, que também figuras ligadas ao desporto, mais concretamente ao futebol, podem vir a ser relacionadas.

O PÚBLICO apurou que as averiguações policiais poderão, em breve conduzir a mais algumas detenções, sendo certo que já foi solicitado aos responsáveis pela zona prisional da Judiciária a preparação de algumas celas individuais.

As eventuais detenções, no entanto, não deverão ocorrer antes de novas audições de testemunhas (ex-alunos da Casa Pia), as quais se iniciaram apenas no domingo.

Romaria diária à Gomes Freire

A especulação e o mediatismo (neste caso directamente relacionado com Carlos Cruz) estão, aliás, na origem de grandes romarias de curiosos às imediações da sede da Polícia Judiciária, na Rua Gomes Freire, em Lisboa.

Ali, em frente à rampa que dá acesso à zona prisional, onde estão detidos os vários suspeitos, têm-se concentrado diariamente, desde a manhã de sábado, dezenas de curiosos e jornalistas. Cada carro celular que passa é de imediato relacionado com eventuais novas detenções.

E as opiniões dividem-se: se é certo que a maior parte dos mirones se recusa a admitir que Carlos Cruz possa estar envolvido na rede de pedofilia, também há os que agora clamam por justiça cega e dura contra os eventuais implicados (no domingo, durante a tarde, houve mesmo um indivíduo que quis agredir outro, depois de terem trocado palavras mais duras em relação aos suspeitos).

Ontem, apesar de não ser autorizada a visita de familiares e amigos aos detidos (apenas os advogados marcaram presença), mantiveram-se nas imediações dezenas de pessoas e quando de manhã, num exercício rotineiro, alguns elementos da GNR que ali passavam se apresentaram de armas em riste, a própria comunicação social (algumas estações de televisão têm carros de exteriores em permanência no local) correram para o meio da estrada. Parecia um filme.

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